O ex-presidente e candidato a presidência em 2024 dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou recentemente uma indireta contundente aos países membros do BRICS, alertando que aqueles que optarem por abandonar o dólar pagarão um preço. O grupo, que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, expandiu-se recentemente para incorporar cinco novos membros: Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Egito. O bloco agora avança na criação de uma moeda comum — a chamada “BRICSCOIN” — com o intuito de consolidar sua independência econômica em relação ao sistema financeiro americano.

A proposta de uma moeda de reserva alternativa ao dólar não é simples. Para viabilizá-la, o BRICS precisará desenvolver um sistema de pagamento internacional autossuficiente, que ofereça uma alternativa ao SWIFT, sistema atualmente utilizado para transações bancárias globais. O SWIFT é amplamente dominado por bancos ocidentais, e sanções financeiras impostas por Estados Unidos e União Europeia ao longo dos anos, como as que atualmente isolam a Rússia, exemplificam o poder político que o sistema proporciona.

Diante disso, os BRICS planejam uma abordagem única: lastrear a BRICSCOIN em reservas de ouro, o que garante valor intrínseco e estável à moeda. Cada unidade da moeda representará uma quantidade específica de ouro físico mantido pelos bancos centrais dos países membros. A emissão será feita por meio de tokens ou títulos digitais, que, vinculados a reservas de ouro, permitiriam transações comerciais simplificadas e menos onerosas entre os países do bloco. Esta abordagem lembra o antigo padrão ouro, mas em uma nova versão que busca reduzir a dependência da economia global em relação ao dólar americano.

Com o fortalecimento da BRICSCOIN, cada nova adesão ao grupo contribuiria para ampliar a relevância da moeda e reduzir a influência do dólar no comércio mundial. Segundo autoridades russas e chinesas, a nova moeda protegeria os países do bloco de sanções e pressões econômicas, oferecendo-lhes uma alternativa independente para o comércio internacional.

Essa estratégia de desdolarização dos BRICS ainda suscita especulações de que a Sérvia, nação que busca há anos adesão à União Europeia, seja o primeiro país europeu a juntar-se ao bloco. A entrada de novos membros, inclusive europeus, pode redefinir o equilíbrio global de forças e desafiar a hegemonia financeira do dólar e do SWIFT.